ATA DA QUARTA
SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA NONA
LEGISLATURA, EM 21.01.1987.
Aos vinte e um dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quarta Sessão Extraordinária da décima Sessão Legislativa Extraordinária da Nona Legislatura. Às dezessete horas e cincoenta e seis minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Aranha Filho, Auro Campani, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Elói, Guimarães, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jorge goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Nei Lima, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa e Ana Godoy. constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos. Em PAUTA, Discussão Preliminar estiveram, em 3ª Sessão, Os Projetos de Lei do Executivo n.ºs 05; 06/87, discutidos pelos Vereadores Hermes Dutra, Jorge Goularte e Clóvis Brum. Na ocasião o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Ennio Terra e Clóvis Brum, acerca da postura dos Parlamentares durante a Sessão Ordinária; dos Vereadores Aranha Filho e Hermes Dutra, acerca da distribuição dos avulsos na presente Sessão; e do Vereador clóvis Brum acerca da ordem dos pronunciamentos dos Senhores Vereadores e da cessão de tempo dos mesmos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Ruas falou acerca da retirada do Projeto que impõe modificações ao 1º PDDU, na Sessão, de ontem, desta Casa, comentando as críticas apostas ao mesmo. Reportou-se aos pronunciamentos, de ontem, dos Vereadores André Forster e Clóvis Brum com respeito ao 1º PDDU. Congratulou-se com a Administração do Prefeito Alceu Collares, lamentando as críticas sofridas por Sua Exa.. O Vereador Clóvis Brum teceu críticas à Administração do Prefeito e lamentou a atitude de Sua Exa. ao comunicar à imprensa antes desta Casa, da retirada do Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 18/86, lamentando o autoritarismo observado nesta comunicação. À Vereadora Ana Godoy analisou a postura do Sr. Prefeito Municipal em relação às tarifas do transporte coletivo, fazendo referência à busca de justificativas para reajuste das tarifas, junto ao Governo Federal. O Vereador Frederico Barbosa teceu consideraçoes sobre a Administração Municipal, relativamente à inconstância do Sr. Prefeito Municipal, quando manda projetos ao Legislativo para logo em seguida retirá-los. Manifestou-se contrário a uma aproximação entre o seu Partido, PFL, e o PDT, justificando sua postura à respeito. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente comunicou aos Senhores Vereadores que amanhã e sexta-feira não haverá Sessão Ordinária, mas, somente Reuniaões das Comissões, convocou os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira à hora regimental e levantou os trabalhos às dezenove horas e dezessete minutos. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Gladis Mantelli e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli e Frederico Barbosa. Do que eu Gladis Mantelli, 1ª Secretária determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal,
declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
A seguir, passaremos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
3ª SESSÃO
PROC. 161 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 05/87, que fixa os valores de
tarifas, face aos estudos procedidos pelo Ministério de Desenvolvimento Urbano,
para o sistema de transporte coletivo por ônibus em Porto Alegre e dá outras
providências.
PROC. 162 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 06/87, que fica os valores de
tarifas, face aos estudos procedidos pelo Ministério de Desenvolvimento Urbano,
para o sistema de transporte coletivo por lotação em Porto Alegre e dá outras
providências.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para
discutir a Pauta o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, informa-me o Ver. Jorge Goularte que o PDT já está me censurando.
Acho que, ao invés de me censurar, o PDT deveria buscar mais dados do que esta
mixaria que temos aqui para justificar esta tarifa.
Já consegui ler pela terceira vez o projeto enviado pelo Executivo.
Vou-me reservar. Parece que conseguimos sensibilizar o Ver. Elói Guimarães para
que traga aqui, amanhã, o Secretário dos Transportes. Aliás, devo fazer uma
confissão: não consigo entender alguns posicionamentos do PDT, que deveria ser
o maior interessado em fazer esta Casa funcionar, de manhã, de tarde, de noite,
para tirar dúvida. O próprio PDT começa a colocar empecilhos para trazer, aqui,
as pessoas do Executivo. Não é nem uma reclamação que faço. Mostro a minha
admiração, porque é incrível isto. Ontem, V.Exas. viram a dificuldade que
tivemos para obter, apenas, uma promessa pública do PDT de que não vetariam uma
Emenda de autoria deste Vereador. Confesso que não consigo entender. Como me
parece que amanhã virá o Secretário, pelo menos estou com esta impressão. Vou-me
permitir deixar para comentar o projeto, tecnicamente, a partir de amanhã.
Quero concluir um pequeno raciocínio. A imprensa tem noticiado que está
sendo preparada uma nova greve dos transportes coletivos, para domingo, onde os
trabalhadores, no seu legítimo direito, vão reivindicar um salário de cinco mil
e poucos cruzados. Até agora não recebi da Mesa cópia xerox da proposta dos
empresários, onde falam no custo da tarifa em função do salário de cinco mil e
pouco para os motoristas.
Quero colocar a seguinte questão: a situação que vai se criar na semana
que vem. Estou falando para que conste nos Anais, pois, na semana que vem, vou
ler este discurso novamente. Se, no domingo, os transportes coletivos entrarem
em greve, segunda-feira esta Casa vai ter mil motoristas e cobradores a
quererem uma tarifa de Cz$ 3,20 ou Cz$ 3,50. Nem sei se não é isso que estão
querendo. A Casa, então, vai correr o risco de decidir esta questão sob a greve
dos transportes coletivos. Enquanto isso, ficamos cheios de pruridos e queremos
iniciar a discussão segunda-feira! Faço um apelo para que se convidem as
entidades, sexta-feira, sábado, amanhã de manhã, de tarde, para que venham dar
a sua opinião para que possamos, pelo menos, evitar algumas confusões, que não
sei se vão acontecer, mas sou obrigado a fazer essas suposições e, pela
responsabilidade do cargo, tenho que alertar V.Exas.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V.Exa. diz que já leu pela terceira
vez, mas acho que, na primeira, V.Exa. já teria tranqüilamente condições de
reparar que a proposta da SMT é exatamente esta. Porque num determinado
parágrafo diz: “levando, todavia, em consideração o pedido de apoio e
orientação encaminhado a este MDU”. Quer dizer, já está certo.
O SR. HERMES DUTRA: Foi o PDT que pediu. Teria
que ler pela quarta vez.
O Sr. Aranha Filho: Foi o PDT. Já é este o
cálculo. Agora, só queremos saber como é a composição do cálculo. A nova
metodologia.
O SR. HERMES DUTRA: Aliás, lembro-me que o Dep.
Dilamar uma vez disse que o PDT é um partido que recebe ordens. Acho que ele
tinha razão.
O Sr. Elói Guimarães: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Atendendo o consenso desta Casa, já contamos que o
Sr. Secretário estará aqui, amanhã, ás 10 horas.
Entretanto, com relação ás entidades, isso não foi possível, apesar de
termos o comparecimento de algumas. No caso da greve, a reunião dos
funcionários rodoviários, a meu juízo, é irrelevante à análise, à historicidade
desta Casa. Isso é irrelevante, já estamos habituados a essas refregas em
diversos momentos. Acho que isso não deve ser colocado, pois teremos a
necessária coragem que o momento histórico nos colocar.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Efetivamente, há ameaça de greve amplamente divulgada
pela Imprensa. V.Exa. levanta um assunto de relevante importância, no sentido
de se começar imediatamente a discussão. A minha preocupação é a de que
tivéssemos elementos e prazos para discutir, com o Secretário, mais a níveis
técnicos. No entanto, se a discussão iniciar amanhã, evidentemente que os meios
de comunicação haverão de informar à classe dos trabalhadores do transporte
coletivo, de que a Câmara já está examinando a tarifa e irá fixar a mesma. É
apenas uma questão de estudar esses parâmetros. Eu acho que V.Exa. tem razão,
quando pede que o assunto comece a ser discutido imediatamente.
O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Independente do juízo do Ver. Clóvis Brum, que já
assegurou que a Casa vai alterar as tarifas antes da votação, eu gostaria de
dizer a V.Exa. que os argumentos para a reunião com o Secretário dos
Transportes, Marcos Ledermann, são procedentes. Porém...
O SR. ENNIO TERRA (Questão
de Ordem):
Por duas Sessões eu observei o Líder do PMDB, quando estava na tribuna. Ele
pediu que a galera ficasse quieta. E agora o Ver. Pedro Ruas está falando e o nobre Ver. Clóvis Brum está
tumultuando o Plenário. Solicito que seja observado o Regimento Interno.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Para contraditar a Questão de Ordem do Ver. Ennio Terra, informo que, em que
pese o profundo respeito e a admiração que tenho pelo arregimentado Ver. Ennio
Terra, eu devo dizer a V.Exa. que ele deve estar ouvindo a mais, pois a Mesa, sempre
tão atenta, não deve ter observado o que ele falou.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa encarece aos Srs.
Vereadores postura e reflexão, não só em consideração aos presentes, mas pela
Imprensa e pelo julgamento popular que sofremos todos os dias. Ao contrário do
Executivo, nós somos abertos e o nosso maior patrimônio é exatamente este fato.
Creio, no entanto, que a Mesa, em que pese tentar ser o mais rigorosa possível,
ela deve ter uma certa flexibilidade e entender que estamos “tour” de esforços
incríveis, onde as coisas se sucedem de uma forma preocupante, que tenho
externado dos Srs. Vereadores e tenho encarecido, individualmente, o pedido de
colaboração. Reitero-o neste momento, sem particularizar o pedido do Ver. Ennio
Terra, genericamente, no sentido de transmitir aos nobres companheiros da Casa,
que possamos, num tom fraternal e respeitoso, chegarmos ao final dos trabalhos,
no dia de hoje, sem particularizar ninguém.
Questão de Ordem com o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
A Liderança do PMDB não deseja em hipótese alguma, dialogar com a Mesa, por
quem tem um profundo respeito. Entretanto, não concorda com a observação feita
pela Mesa em função de uma Questão de Ordem formulada pelo Ver. Ennio Terra.
Discorda totalmente e não aceita qualquer observação nesse sentido, porque esta
Liderança tem sabido cumprir o Regimento Interno e portar-se adequadamente nas
formas parlamentares.
O SR. PRESIDENTE: Por um dever de lealdade e
fidelidade à taquigrafia, apenas recolhi a Questão de Ordem do Ver. Ennio
Terra, como uma questão genérica e mais específica a qualquer Vereador. A Mesa
foi explícita, quando fez isso e aproveitou para fazer este apelo: a Mesa tem
sido chamada, por um ou outro Vereador e até pelos que ocupam a tribuna, para
interferir, o que é constrangedor, diminuindo, ainda, a qualidade vista tão
soberanamente pela Casa. Peço aos senhores Vereadores para que levemos os
trabalhos de uma forma que possamos, no final, mantermos um ambiente fraternal.
O SR. HERMES DUTRA: Nessa discussão entre o
PMDB e o PDT quem perde o tempo sou eu. Queria alertar a Mesa de que, quando
fui interrompido, eu tinha 4min 58s a serem utilizados. Estava concedendo um
aparte ao Ver. Pedro Ruas, posteriormente ao Ver. Ennio Terra e ao Ver. Raul
Casa, pela ordem.
O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Hermes Dutra, apesar de ter o raciocínio
constante do aparte totalmente interrompido, concluiria dizendo que concordo
com a vontade e o interesse de V.Exa. de que a reunião, com o Secretário
Municipal dos Transportes, seja antecipada pelos vários motivos já expostos. Só
não concordo quando V.Exa. passa a ilações com futuras possibilidades de
reajustes em função de greves quando isso jamais foi discutido aqui. Não posso
aceitar que V.Exa. faça essa colocação na medida em que me parece um exercício
de futurologia totalmente desvinculado da nossa realidade e, ao que me consta,
sem dados concretos. No mais, parece-me que V.Exa. tem a intenção de acelerar o
debate em benefício de toda a comunidade porto-alegrense e, em especial, às
pessoas que se interessam diretamente pelo assunto. Obrigado.
O SR. HERMES DUTRA: Com toda sinceridade,
tomara que V.Exa. tenha razão.
O Sr. Ennio Terra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Hermes Dutra, V.Exa. me fez uma observação muito
sábia. Eu já tive vinte anos e sei o que é bafo na nuca em campo de futebol,
coação. V.Exa. me chamou a atenção de uma coisa: segunda-feira, se os
motoristas vierem para cá para coagir, nós vamos convocar as Associações de
Bairro para que elas, também, estejam presentes, aqui, para que elas conheçam o
nosso trabalho e porque, muitas vezes, lá elas não são bem informados do que se
faz nesta Casa.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O simples fato da convocação extraordinária, do Sr.
Prefeito, para que discutíssemos o valor da tarifa está a demonstrar a
necessidade e, até, a urgência do assunto. Queria dizer que cresce cada vez
mais no meu conceito o Ver. Elói Guimarães que sensível aos apelos de vários
Vereadores no sentido de que se trouxesse a esta Casa, para complementar, para
informar, para nos trazer dados o Sr. Secretário dos Transportes, ele
prontamente ascendeu, foi até vencido, pessoalmente, e fará isso. Quanto ao
ilustre Ver. Pedro Ruas, que falou que estamos fazendo futurologia, quero dizer
a S.Exa. que por falta de futurologia tivemos, há pouco tempo, decretado em
Porto Alegre um estado de calamidade porque não se acreditava em greve. Desta
vez, os motoristas já estão se reunindo. Vão se reunir, hoje e sexta-feira, e
já anunciam uma greve. E não é futurologia. É uma ameaça concreta. Nós não
devemos votar sob ameaça. Por isso creio que deveremos debater este assunto com
tranqüilidade, com muita tranqüilidade.
O SR. HERMES DUTRA: Agradeço o aparte. Amanhã,
lerei esse discurso, ou melhor, terça-feira. Tomara que eu esteja errado.
Tomara!
Seria interessante, Sr. Presidente, que, amanhã, os Srs. Vereadores,
notadamente aqueles mais ligados às associações de bairros e associações
comunitárias, se fizessem presentes para debater junto ao Sr. Secretário. É
importante que se defina a tarifa e seus parâmetros. Poderá o Sr. Secretário
chegar e dizer que a tarifa ideal é Cz$ 2,10 ou então que é Cz$ 3,20. É importante
que saibamos bem o conteúdo do Projeto que vamos votar, é preciso que saibamos
que vamos votar um Projeto de Lei decente, com decisão do Ministério do
Desenvolvimento Urbano. Recuso-me votar um Projeto de Lei nesses termos. Tenho
obrigação, e também o Sr. Secretário, de saber e informar a quanto está o custo
da tarifa municipal, na ótica socialista. Não se trata de saber se o povo tem
que pagar uma tarifa baixa - nesse aspecto, a meu juízo, a tarifa para Porto
Alegre deveria ser de Cz$ 0,35. Mas, a realidade é outra; Então, esses dados
devem ser trazidos para que possamos confrontá-los, discuti-los e tentarmos
buscar, não a solução justa - jamais chegaremos a ela - pois essa cabe ao PMDB
que está no governo federal. O PMDB deveria instituir o vale-transporte. Não
esse que anda por aí, refiro-me ao subsídio direto para quem ganha pouco. Nós
não podemos, e o máximo ao nosso alcance é questionar um ou outro item da
tabela na tentativa de melhorar o preço da tarifa para o povo. A justiça seria
o trabalhador que ganha até dois salários-mínimos pagar uma tarifa de Cz$ 0,35
ou Cz$ 0,40. A diferença de custo, então, seria reposta pelas empresas e
governo federal.
Assim, é esta a realidade: não podemos inferir, nem mudá-la, influir,
etc. pelo menos deveremos votar uma tarifa justa - que se não isso - de maior
consciência, pelo menos sabendo todos os dados. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, solicito
tempo de Liderança.
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, com a palavra o
Ver. Jorge Goularte.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, eu havia
solicitado Liderança.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não ouviu e pede
escusas a V.Exa.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu pedi Liderança em tempo
hábil. Não vamos pisar no Regimento Interno.
O SR. JORGE GOULARTE: Eu abro mão ao Ver. Clóvis
Brum, mas não na marra. Na marra não vai levar.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai acolher a
generosidade do Ver. Jorge Goularte, vai pedir escusas ao Ver. Clóvis Brum de
não ter ouvido no momento adequado o seu pedido de Liderança. Assume a
responsabilidade do erro e concede a palavra ao Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, a manifestação do Ver. Jorge Goularte em abrir mão do tempo não
é um gesto de generosidade, é o cumprimento do Regimento Interno. Agora, eu
sim, dentro do Regimento Interno, abro mão do pedido de Liderança, para que o
Vereador inscrito, Jorge Goularte, fale em Pauta. Este sim é um gesto de
solidariedade ao companheiro Jorge Goularte. Eu abro mão, dentro do Regimento
Interno.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jorge
Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nobre Ver. Clóvis Brum, meu ilustre irmão de armas, de infantaria,
burocracia...
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Há um equívoco, não é infantaria, nem é intendência,
é burocracia, serviço militar, de cuja convivência muito me honro. Aprendi a
estimar V.Exa. naqueles momentos de dificuldades em que vivemos, e que muitos
outros, que talvez possam estar-nos ouvindo, usaram de todos os benefícios de
momentos difíceis por que vivemos.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ainda há que se analisar, nos processos remetidos à Casa, as
tarifas das lotações. Hoje em dia as lotações estão sendo usadas por muitos
passageiros, inclusive por aqueles que, muitas vezes, não conseguem um lugar no
ônibus lotado. Tem que ser analisada com muita tranqüilidade essa planilha,
esta nova metodologia de cálculo que deve ter sido aplicada. No âmbito do
Município, ninguém impede que o Prefeito use o que ache válido. O Prefeito, a
meu ver, não vai conseguir o que queria, porque tentou agradar a todos e acho
que vai desagradar a muito mais categorias profissionais do que imaginava. Se o
Prefeito levou a Brasília dados fornecidos pelas empresas, que não esperavam
que os trabalhadores rodoviários quisessem um aumento no nível x mais y; vai
estar mal com os empresários porque não conseguem atender aqueles parâmetros
pelos quais eles se baseavam. O cálculo dos empresários foi remetido em nível
dos salários aqui propostos. Ao que se sabe já é notícia, nos veículos de
comunicação, que os empregados no transporte rodoviário de Porto Alegre querem
mais do que isto, querem mais do que a tarifa não atinge, para atender suas
exigências, pelo que diz nos estudos da Secretaria dos Transportes do Município
de Porto Alegre. Aí estará desagradando aos empregados do transporte rodoviário
da cidade e estará, também, desagradando à população porque se sabe que o
operário, que ganha salário mínimo, não consegue meios para alimentar a sua
família, condizentemente, quanto mais para transportar-se. É muito sério este
momento em que vive o país, porque exatamente este é o ponto crucial: o
trabalhador está ganhando muito mal, como sempre - eu não digo que é só neste
Governo, como vem ganhando há muitos anos. E alguma coisa deve ser feita para
que, ao menos o transporte, a alimentação, o vestuário, a moradia, a higiene
pessoal, sejam propiciados ao operário.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu não sei se
V.Exa. notou, mas está apensa ao Processo uma cópia do Sr. Marcolino, do
MDU. Inclusive, existem, neste mesmo Processo, duas cópias, uma apensa ao
Projeto e outra num outro Projeto. Mas já que este pedido foi encaminhado pelo
Governo Municipal, eu duvido, Nobre Vereador, que os índices necessários para o
transporte por ônibus sejam iguais aos dos táxis-lotação. Eu não sei como o
Secretário dos Transportes chega ao mesmo número para os dois Processos, pois o
transporte por táxi-lotação é bem mais barato, em termos de manutenção, do que
o transporte por ônibus.
O SR. JORGE GOULARTE: E há mais um detalhe,
Vereador. Os encargos sociais das empresas são infinitamente maiores, porque no
transporte de lotação, muitas vezes, é o proprietário quem dirige. Então, esses
dados precisam ser trazidos à Casa para que possamos chegar a uma tarifa não
muito injusta, porque justo seria o trabalhador ganhar de tal forma que pudesse
pagar as suas necessidades básicas. Isso seria o ideal. Mas o Prefeito
Municipal ao remeter esses números, ao meu ver, se compromete com eles, porque
quem criou o monstro que o embale; não serei eu a modificar, com um
Substitutivo, e tirar do Prefeito uma responsabilidade que, ao meu ver, é dele.
Por outro lado, o PDT que anos atrás gritava, de megafone em punho, que era
contra as tarifas aumentadas e etc., que sempre tentou aplicar um sistema
socialista no regime capitalista ainda está com esse problema. Agora sim, está
com um problema em suas mãos. É para que ele sinta as dificuldades, como é
fácil a crítica injusta, a crítica pela crítica! A crítica que fazia o PDT, às
badernas, com megafones em punho.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Veja V.Exa., e cito o exemplo: a democracia é
realmente o melhor regime que nós temos, já dizia o Churchill - lamentamos a
ausência do Ver. Lauro Hagemann, comunista, querido Vereador desta Casa. Saiba
V.Exa. que numa das grandes cidades do norte da Itália, desde o pós-guerra, têm
sido administradas por Prefeitos comunistas e socialistas, e há, até, uma
brincadeira que dizem que os comunistas, na Itália, são os grandes
administradores da crise do capitalismo. Mas o meu aparte querido e fraternal,
a V.Exa., é que queria dizer que já temos experiência na aplicação da
democracia socialista, do trabalhismo que expressa o regime da justiça social,
da defesa aos trabalhadores. Foi o Presidente João Goularte que, em 1953, deu o
maior salário mínimo, o maior índice de aumento do salário mínimo da história
brasileira. E por isso os militares pediram a cabeça do Presidente João
Goularte. O governo de Leonel Brizola, sei que V.Exa. é um admirador não só da
figura do governador Leonel Brizola, mas da sua administração trabalhista,
aqui, de 58 a 62, e a do Rio de Janeiro, que impôs uma característica de um
governo socialista dentro do capitalismo. É viável. Está aí. A Europa está
mostrando. O Ocidente está mostrando. O Brasil está mostrando. Sou grato ao
aparte que V.Exa., nesta tarde de verão, me concedeu sob a Presidência deste
democrático Presidente, Ver. Brochado da Rocha.
O SR. JORGE GOULARTE: Gostaria, Sr. Presidente,
que V.Exa. nos trouxesse na próxima Sessão os índices que foram aplicados no
Rio de Janeiro. Será até um bom dado para que se consiga tirar alguns
parâmetros sobre como está sendo resolvido esse problema em outras capitais do
País. Eu sei que em São Paulo passou para Cz$3,50. Em Curitiba, se não me
engano, Cz$ 3,70. Então, vamos ver como é que foi resolvido esse problema no
Rio de Janeiro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, gostaria de saber se até o final da Sessão, de hoje,
receberemos cópias do relatório da Associação dos Empresários de Transporte
Coletivo a fim de sabermos como chegaram a esse cálculo?
O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, quero
explicitar esta resposta. A Casa tem aparelhos, tem funcionários, todos têm
trabalhado, mas o tempo é exíguo. A meta é entregar ainda hoje, esta é a meta,
este é o ideal. Seguramente, amanhã, estará nos gabinetes de V.Exas. A Mesa
recebeu a matéria, hoje, às 14h30min. Imediatamente, passou para o Protocolo,
coisa que é rotina.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Eu me atreveria a sugerir à Mesa que providenciasse na aquisição de mais quatro
ou cinco máquinas xerox. O Projeto, a matéria já chegou muito tarde à Casa mas
um erro não justifica o outro e dois erros não fazem um acerto, como disse um
Ministro da República. Em quatro horas não foi possível providenciar, ainda, as
cópias. Não estou criticando ninguém. Estou apenas sugerindo que a Casa
providencie na aquisição de mais quatro ou cinco máquinas. Peço escusa pela
audácia.
O SR. PRESIDENTE: A sua sugestão é muito
própria. Mas convém lembrar que alguns Vereadores exigiram que o processo
original ficasse aqui, nesta Mesa.
Com a palavra, em Pauta, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: O Ver. Pedro Ruas, num dos
seus momentos de raríssima infelicidade, porque é um orador brilhante, em um
aparte ao Ver. Hermes Dutra, afirmou que o Vereador-Líder do PMDB já declarava
aumento de tarifa. Parece-me que a discussão que se trava sobre o assunto deve
ser séria. Pois vou afirmar, alto e bom som, aqui e agora, que o Ver. Pedro
Ruas vai votar pelo aumento de tarifas nesta Casa, na semana que vem. Os Anais
estão aí sob o penhor de minha palavra. O preço não sei, mas que vai votar,
vai. Futurologia, vai dizer o Ver. Pedro Ruas? Não sei: realidade. Não vamos
ter meias palavras, não vamos fazer estas ilações, vamos ter um comportamento
transparente, um posicionamento transparente, palavras transparentes. Quanto
aos projetos que vieram para a Casa, de aumento de tarifas, se alguém disser de
sã consciência que não se deve aprovar um aumento de tarifas, no mínimo, é
irresponsável. No mínimo é irresponsável com a vida desta cidade. Mas, o
percentual, o custo final da tarifa, é uma questão que vai depender de uma
ampla discussão em cima do processo. Mas, não há dúvida que a Câmara vai dar o
reajuste tarifário, isto vai ocorrer.
O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho que V.Exa. entendeu mal, ou faz questão de
demonstrar que pretende distorcer o que falei. Não disse que vou votar aumento
ou diminuição de tarifas, jamais referi isso, talvez vote aumento, talvez vote
diminuição, talvez não vote nada. O que referi, no aparte ao nobre Vereador
Hermes Dutra, é que V.Exa. já considerava como certo o aumento quando ainda não
tinha sido votado. Apenas estranhei este procedimento.
O SR. CLÓVIS BRUM: Mas V.Exa. tem que
registrar com precisão. Não entendi qual a frase que V.Exa. disse.
O Sr. Pedro Ruas: Eu apenas registrei a minha
estranheza com relação ao fato de V.Exa. já considerar o aumento da tarifa.
O SR. CLÓVIS BRUM: Que se esclareça um
detalhe: o aumento ou um aumento. O aumento é o que está aqui, um aumento é o
que a Casa pretende dar.
O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. falou o aumento.
O SR. CLÓVIS BRUM: Não, eu falo em aumento.
O Sr. Pedro Ruas: Então retifica agora e eu
aceito.
O SR. CLÓVIS BRUM: Vereador, eu entendi a sutileza
sublinhar da expressão de V.Exa., entretanto, eu quero dizer que não analisei o
problema, recebi agora o avulso e me chamou a atenção um dado. “Inclusão de
cerca de um milhão e quinhentas mil viagens/mês, não válidas no cálculo
tarifário por serem originárias a partir da instituição do passe idoso”. Mas eu
não estou entendendo. Os idosos estão andando agora cinco vezes, cada um, por
dia e todos os vinte mil idosos. Nós temos vinte mil idosos, o único dado que
não tem como se esconder é o número de idosos que estão cadastrados na SMT, que
receberam o benefício da Lei do Ver. Valdomiro Franco, do PMDB: vinte mil
idosos. Imaginem, um milhão e quinhentas mil passagens, por mês, de idosos,
quando sabemos que não chega a mais de seiscentas mil. Esse é um dado que o
Secretário Marcos Ledermann vai ter que trazer com clareza: quantos idosos
andam de ônibus em Porto Alegre. Ele tem condições de fazê-lo.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Estamos diante de um impasse: existem duas sugestões
no bojo do Projeto, uma, oficial do PDT, de Cz$ 2,90; outra, dos empresários,
de Cz$ 3,73. Estamos diante de um impasse, pois temos que votar “um” aumento.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato, Vereador. Ver.
Pedro Ruas, desejo-me dirigir a V.Exa. através da Mesa, porque o Regimento
Interno não permite que eu me dirija diretamente a V.Exa., então, o faço
através da Mesa, para lembrar o que acaba de informar o Ver. Aranha Filho.
Temos aqui o aumento do Prefeito Alceu Collares que estabelece a tarifa de Cz$
2,90 para serviço convencional; Cz$ 2,70 para o corredor Bento Gonçalves e para
a linha circular na área central-C1, a tarifa de Cz$ 2,70. Esta, realmente,
Ver. Aranha Filho, é a tarifa que o Prefeito Alceu Collares quer que seja
aprovada e encaminha para aprovação da Casa. O Ver. Aranha Filho me informa que
os empresários querem uma tarifa de até Cz$ 3,70. Bem, eles têm todo o direito
de pedir, agora, se essa do Prefeito já vamos esmiuçá-la para ver o que tem de
sério, imagina a dos empresários. Para mim, quanto a pretensão dos empresários,
não vamos perder tempo. Acho que o Prefeito perdeu uma oportunidade de jogar no
lixo esse pedido, com toda a sinceridade, acho que ele nem devia encaminhá-lo.
Aliás, é um outro dado que eu devia criticar, esse Projeto é “sui generis”.
Nunca veio para esta Casa um projeto em cuja exposição de motivos o Prefeito
acenava com outra pretensão. O Prefeito Dib, todos faziam o que faz,
exatamente, o Prefeito Collares nesta folha, e que elabora a minuta do outro
Projeto. Isto sim, estabelecia com clareza e vinha para esta discussão; agora
juntou outra pretensão, eu estranho, sinceramente, esse encaminhamento. Acho
que começa, a partir de hoje, uma discussão séria, tranqüila, responsável, sim,
em cima do problema do transporte coletivo da Capital. Existe gente que
trabalha no setor, milhares de pessoas de famílias, que trabalham no setor do
transporte coletivo, isto é inegável. E mais de um milhão usa transporte
coletivo, também é inegável. A Casa tem que encontrar soluções políticas para
equacionar estes problemas sociais. Eu desposo uma tarifa conseqüente,
responsável, e que o trabalhador possa pagar. O “gatilho” foi tímido? Sim, foi.
O disparo do “gatilho” foi tímido. Acho que o disparo do salário mínimo
implantado no Brasil deve receber um reajuste, imediatamente. Sr. Presidente,
não gostaria de abusar da sua condescendência, mas pediria mais um tempo para
poder conceder apartes.
O SR. PRESIDENTE: V.Exa. tem mais um minuto.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Não perderia a oportunidade de apartear V.Exa., homem que tem uma
larga experiência dos problemas da nossa cidade, um político realmente
estudioso, um homem que se aprofunda nas questões. E a sua inteligência, aquele
potencial de que V.Exa. é dotado, de ir direto ao tema, é de admirar. A
dificuldade, a aridez, que V.Exa. - e certamente os seus pares - encontram em
buscar uma tarifa que seja uma solução política para um problema
sócio-econômico gerado por um Ministério econômico e que gerou esta crise
jamais vivida, com toda essas dificuldades, pelo assalariados brasileiros. Temo
que os assalariados, do jeito que as coisas vão, não tenham condições de
adquirir até os alimentos básicos, Ver. Clóvis Brum, e sei que V.Exa. é um
homem ligado ao social e isso deve ser objeto das suas reflexões, pois V.Exa. é
um político ligado aos seguimentos mais sofridos desta cidade, às vilas
populares.
O SR. CLÓVIS BRUM: Agradeço o aparte de V.Exa.
e pela sua manifestação digo que, realmente, V.Exa. tem razão: há sete anos me
dedico, com exclusividade, a minha tarifa de Vereador, deixei a minha banca de
advocacia para me dedicar com exclusividade a esta atividade. Até como advogado
talvez pudesse ganhar mais, mas, entretanto, prefiro viver com dedicação
exclusiva e com os salários da Casa, mas poder debater diuturnamente assuntos
da cidade, como Vereador. Ontem, era exatamente meia-noite, quando V.Exa. me
surrupiava o tempo que deveria ser meu, e V.Exa. ultrapassava um minuto do seu
tempo regimental me impedindo de ser o último orador desta madrugada. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDT, Ver.
Pedro Ruas.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Gostaria de fazer uma rápida intervenção com relação, pelo menos, a
um aspecto que muito me chamou a atenção na discussão no dia de ontem, que foi
a retirada do Projeto do Plano Diretor desta Casa. Nunca, em nenhum momento,
uma medida, que atendia aos interesses e aos reclamos populares desta Cidade,
foi tão duramente criticada nesta Casa. Nunca, em nenhum momento, um ato do
Executivo Municipal, que tinha como único objetivo atender as justas
reivindicações de sindicatos profissionais, entidades de classe, representantes
populares, foi criticado de tal forma na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.
Assistimos, ontem, nesta Casa, discursos inflamados contra a atitude do
Prefeito Collares. Se analisarmos, porém, Sr. Presidente e Srs. Vereadores o
conteúdo daqueles discursos, iremos verificar que continham apenas a ira, o
ódio contra uma medida popular de atendimento às reivindicações populares, e
nada que justificasse tal tipo de comportamento. Assistimos, nesta tribuna,
discursos de Vereadores chegando lembrar, com saudade, tempos da ditadura
militar com interventores à testa do Executivo Municipal, como foi o caso,
infelizmente, dos Vereadores André Forster e Clóvis Brum. Lembraram estes
Vereadores, com saudade, Prefeitos nomeados, interventores municipais, para
atacar o Prefeito eleito pelo povo nesta Cidade que atendia uma reivindicação
dos munícipes de Porto Alegre. Foi profundamente lamentável o espetáculo que se
viu nesta Casa de representantes do povo. Eu não poderia deixar passar este
momento sem fazer essa consideração e até deixar a minha pergunta que não
consegui fazer no dia de ontem, por que a raiva dos representantes populares...
Onde foram atingidos esses senhores que travavam contra o Prefeito, sem nenhum
conteúdo em seu discurso? Em que ponto de sua vida, de seu trabalho foram
atingidos esses representantes populares para tratarem daquela forma contra a
medida do Prefeito? Eu até agora não entendi o motivo de tamanha luta. Fico a
me questionar, perguntei a colegas e, até agora, não entendi. Certamente não
vou entender, na medida em que todos os discursos atacavam, genericamente, o
Prefeito e não tinham motivos para discordar daquela medida que atendia aos
interesses de Porto Alegre. Ou, se tinham motivos, não ousavam dizer desta
tribuna. Desta forma, utilizamos o espaço de Liderança para mostrar a nossa
inconformidade com discurso vazio, com a crítica vazia, com o ataque sem
sentido pela falta de coerência da representação popular de Porto Alegre. O
Prefeito Alceu Collares, no dia de ontem, apenas pelo dia de ontem, não fosse
já o seu trabalho, não fosse já o que realizou pelo povo gaúcho, mas só pelo
dia de ontem, já legitimaria a votação que recebeu em 15 de novembro de 1985.
Parabéns, Prefeito Alceu Collares, o seu trabalho será registrado na História.
Concluo dizendo, apenas, que o Ver. Clóvis Brum tinha certeza - e disso
só falava - de que votaríamos com o Projeto do Executivo. O Vereador tem razão
porque o Projeto é do Executivo, o Executivo é do nosso Partido e, portanto, o
Projeto é do nosso Partido. Votamos com o Projeto.
Entretanto, não consultei o Ver. Clóvis Brum que, por certo, votará a
tarifa, também por coerência com o Ministério dos Transportes, para ter
coerência com o Governo da República. Mas eu não. Ele votará o aumento da
tarifa. Tenho certeza. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, a Mesa
recebeu uma Comunicação da Ver. Ana Godoy, de que transpõe o seu tempo com o
Ver. Clóvis Brum, do PMDB. S.Exa. tem cinco minutos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Há certas questões sobre as quais não cabe discutir. Eu incluo um
assunto sobre o qual não se discute. O assunto chamado ética não se discute.
Quem a tem. Quem não a tem, não a terá nunca. Divergir, dialogar, nunca será
ofender. Acho que fui claro. O que ocorreu ontem foi uma discussão,
cristalinamente, clara. Ora, pra criticar o Prefeito basta que qualquer
munícipe desta cidade caminhe uma quadra de Porto Alegre, meia quadra - e diz o
Ver. Hermes Dutra “talvez até nem consiga completá-la, porque cai no buraco”.
Criticar o Sr. Prefeito? Basta perguntar por que veio, para o que veio, e o que
fez. Nada.
Mas, conheço o meu antecessor nesta tribuna. Trata-se de um grande
advogado, de um grande profissional do Direito, mas, infelizmente, sou obrigado
a dizer que inexperiência parlamentar enseja, às vezes, a oportunidade a que,
aqueles travestidos de democratas, ofendam a integridade desta Casa. A
inexperiência colabora para que tal ofensa continue. Como pode um Prefeito de
uma capital, eleito pelo povo, simplesmente, comunicar pela rádio, uma decisão
que, eticamente, teria que ser comunicada à Presidência desta Casa.
Uma decisão através de rádio! Este fato não é histórico. É um
retrocesso muito grave.
Dou graças a Deus pela extraordinária sensibilidade do Presidente da
Casa que ponderou, que manteve as Lideranças no Gabinete da Presidência até por
volta das 15h30min, quando o horário regimental da Sessão é às 14hs, para não
abrir a Sessão, a fim de que não se digladiassem, que não houvesse um confronto
entre esta Casa democrática e o Prefeito autoritário.
E foi graças à extraordinária competência do legislador, do Presidente
da Casa, que só permitiu que a Sessão abrisse, após os anúncios pela rádio de
que o Prefeito retirava este ou aquele projeto, até porque retirar um projeto a
mais, um projeto a menos é de total irresponsabilidade e de permanente ação do
Prefeito. Convocou, para votar vinte e dois projetos, mas retirou uma meia
dúzia e mandou outra media dúzia.
Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores foi diligente o Presidente da
Casa, sensível, político, hábil e este
registro, em nome da Bancada do PMDB, quero deixar nos Anais. Foi, exatamente,
a experiência contrapondo a inexperiência do meu antecessor nesta tribuna. A
experiência do Presidente que com extraordinária competência conduziu para que
não houvesse o confronto nesta Casa. Mas, os veículos de comunicação, os
jornalistas que cobrem a área política da Capital sabem que o Prefeito Alceu
Collares desmereceu, e muito, esta Casa e mais, para concluir, de maneira
teimosa o Prefeito Alceu Collares abdicou da sua experiência parlamentar para
expor toda a sua prepotência e incompetência no encaminhamento dos assuntos
políticos e administrativos desta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PT. Com a
palavra a Ver.ª Ana Godoy.
A SRA. ANA GODOY: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Embora o Partido dos Trabalhadores tenha nascido da organização das
lideranças sindicais e comunitárias, desta luta, eu não subi a esta tribuna
para falar sobre o Plano Diretor, porque na realidade, a posição do Prefeito se
dá, exatamente, pelo fato de lideranças sindicais terem estado lá exigindo uma
providência. Tendo sido comunicado, através da Imprensa, da existência do
Substitutivo, o Prefeito resolveu retirar o Projeto. Mas não vim à tribuna para
me manifestar a respeito desse assunto e sim para colocar o espanto com que o
PT vê o fato de, numa Administração Municipal que se diz socialista...
(Apartes paralelos.)
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
A exemplo do Ver. Ennio Terra, estou sendo prejudicado, na audiência da
Vereadora do Partido dos Trabalhadores, pelas manifestações extemporâneas e
anti-regimentais dos dois Vice-líderes do PDT que sentaram um de cada lado
deste Vereador.
O SR. PRESIDENTE: Peço ao Plenário meditação,
reflexão e fraternidade a todos e peço a V.Exa. que informe quanto tempo lhe
resta. Será concedido um aditamento em seu pronunciamento, Vereadora.
A SRA. ANA GODOY: Muito obrigada. Mas, como
eu dizia, o PT se surpreendeu com a atitude do nosso Executivo Municipal, que
tanto critica a Nova República, ter ido até a Nova República buscar subsídios
para poder dar aumento da tarifa, para poder apunhalar aqueles usuários que, de
acordo com esse aumento proposto, que ainda não se sabe como, não se sabe,
sequer, se o IPK está registrado nisto porque sabemos que após 28 de fevereiro
de 1986 os meios de transportes tiveram muito mais passageiros rodando. Não
sabemos, sequer, qual o resultado do último censo. Portanto, ficamos admirados
de ver o Prefeito, que tanto critica a Nova República, ir lá, de baixo dos
braços da Nova República, pedir que seja justificado através de uma decisão
federal do Ministério de Desenvolvimento Urbano, a sua tática de dar aumento e
a colaborar, também, com os empresários. Fato bem claro que veio, a esta Casa,
apenas a solicitação dos empresários, e o seu modo de calcular. E vemos que,
até, o Ministério da Nova República já calcula, de acordo com o telex que
recebemos cópia, até a nossa Lei Municipal, a Lei do Passe do Idoso. Então, é
mais alguma coisa para retirar dinheiro do usuário. Mas na realidade (aparte
inaudível.) o nobre Vereador Aranha
Filho fazendo um aparte anti-regimental, dizendo que o Prefeito solicitou essa
ajuda também ao Ministério. E está escrito na Exposição de Motivos. Na
realidade, isto está escrito, e não há jeito de voltar atrás. Fica aqui o nosso
protesto em ver que, o Governo Federal insiste que os trabalhadores tenham um
“gatilho”, que não é gatilho é um canhão, que cada vez esmaga mais o pobre, e o
Prefeito vai lá pedir lhe ajuda. Isso é incrível! Dentro destas condições não é
possível! Onde é que vão os interesses dos representantes do povo, em atender?
A quem vamos favorecer? A maioria da população, que está sendo oprimida pelos
constantes aumentos de alimentos, que a nós não compete decidir, a nós compete
decidir sobre tarifas. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Frederico Barbosa, pela Liderança do PFL.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, tenho ouvido, silenciosamente, nos últimos tempos, todos os
pronunciamentos realizados nesta Casa, até mesmo aqueles que, por um motivo ou
outro, chegam ao cúmulo de aplaudir e elogiar as atitudes constantes de
tentativa de colocação desta Casa em situação de ridícula perante a população
de Porto Alegre. Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa já conta,
nestes treze meses de administração do tira e bota, de administração da
inconstância, com uma verdadeira história a contar, e já um livro a escrever,
sobre aquilo que já ocorreu, não agora nos últimos meses, mas desde os
primeiros dias da administração atual, eleita pelo povo de Porto Alegre. Não
preciso recordar, não preciso citar novamente episódios como a inconstância, a
incerteza, ou sei lá eu o quê, de Projetos como o da Secretaria de Cultura e
Esporte e tantos outros. Esta Casa vê emissários do Prefeito, em algumas
ocasiões, ir e vir colocando e retirando Projetos. E digo, Senhores, em algumas
vezes esta Casa apenas ouviu pelo rádio, e, desmoralizadamente,
lastimavelmente, tivemos que ficar aqui sentados, pela responsabilidade que
temos, aguardando que os documentos aparecessem. Apareceram tarde e incompletos
quase todos, fracos nem se fala, e aí estão alguns que não ficam nem vermelhos
na tribuna, porque eu fico; tenho vergonha do que ouço e a aplaudir atitudes
como esta, que enxovalham uma Casa bicentenária, e que alguns sentam nesta Mesa
depois, e dizem a população, usando o Plenário, atraindo a imprensa, de que
amam esta Casa, porque aqui participaram. É brincadeira! Brincadeira de uma
história de treze meses de azar para a população que não precisa fazer aquela
quadra que o Ver. Hermes Dutra falou, basta tentar sair da Casa do Povo de
Porto Alegre, basta chegar e tentar ver o Prefeito diante do Plenário dizer
algumas coisas. Alguns já se acostumaram, ficam em casa e ouvem pelo rádio,
pois já sabem que ele comunica à Presidência da Casa, pela rádio. Neste ponto
sem demérito nenhum ao Presidente da Casa, que tem encontrado tranqüilidade
suficiente para agüentar o que agüenta, sendo do próprio Partido do Prefeito.
Eu ouço rumores, como sempre daqueles que aplaudem os que tentam, acima de
tudo, tomar atitudes que não honram esta Casa. Mas meu discurso não é bem este,
meu discurso é de que nessas rádios já ouvi o Líder do PDT - já fui inquirido
nessas rádios - dizer que em breve o PDT poderá estar alinhado com o PFL. Digo
a V.Exa. e à tribuna que espero que este alinhamento do meu partido tenha mais
ou menos a distância entre Porto Alegre e Fortaleza e que certamente neste
alinhamento...
(Apartes anti-regimentaris.)
Apoiado, porque V.Exa. sabe que muito dos seus Líderes, estão
telefonando para muitos lugares para alinharem dentro do mais breve possível.
Pois quero esta distância, ela, certamente, terá que existir. Pois se não
existir esta distância, e eu lastimaria muito, entre a minha pessoa e o meu
Partido, porque não conseguiria, da maneira como as coisas estão colocadas em
Porto Alegre, conviver mais do que um minuto por que, certamente, num minuto
tenho visto tantos erros que me apavoro que alguns falem nos erros do passado
que somados os 20 anos, eu deixo como exemplo para a população, a declaração
honrada do ex-Presidente desta Casa Ver. André Forster: “Como foi mais fácil” -
e é dele a frase, e não é “ipsis litteris”, porque não tenho exatamente na
memória as palavras, mas foi esta a intenção - “como foi mais fácil conviver
com um homem como João Dib que foi Vereador desta Casa, do que um Prefeito
atual”, que tem ótima relação com esta Casa, principalmente pelos microfones
das rádios que alcançam, por força das suas ondas, muito mais à população de
Porto Alegre, a de Uruguaiana e aos quatro cantos do Rio Grande, para depois os
documentos alcançarem a Volta do Gasômetro e ingressarem, apesar dos buracos,
até o setor competente da Casa para que a Casa fique sabendo as atitudes que o
Prefeito já tomou pela rádio.
Era isto, Sr. Presidente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, as Pautas
para os Processos já decorreram no dia hoje. Passarão os processos às
Comissões, com seus respectivos Presidentes e membros e a Casa voltará a se
reunir na próxima segunda-feira, às 14 horas, em Sessão Ordinária.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos e convoco
os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental.
Estão
levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 19h17min.)
* * * * *